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domingo, 1 de agosto de 2021

Alarmismos e fake-news na onda de frio

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A recente onda de frio polar pode ser comparada a outras deste século que apenas está começando (21 invernos até 2021).

A massa polar queda trouxe frios pouco frequentes, mas não novos neste breve início de século, com as habituais geadas e alguma neve comemorada até com alegria e festa em cidades do Sul brasileiro e lamentada pelos agricultores nas mesmas regiões.

O vento trouxe sensações térmicas congelantes e, nas áreas mais altas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, valores negativos danosos para a agricultura e os desprevenidos.

Mas na média geral não superou frios muito intensos e os recordes de neve dos anos 2000, 2007, 2009, 2011 e 2013.

Foi a terceira massa polar de grande intensidade em apenas um mês no Brasil, com impacto nas culturas como milho, cana de açúcar, café, e o setor hortifrutigranjeiro.

Cada onda de frio, observou Metsul, tem as suas próprias “impressões digitais” e nenhum evento extremo de frio é idêntico ao outro: em um há recordes em grande número de locais, e em outros em apenas algumas regiões.

O frio do final de junho trouxe geadas para Mato Grosso, onde não geava desde 1975, mas teve consequência muitíssimo menos graves que 46 anos atrás.

Essa onda fez nevar por três dias seguidos no Sul, o que não ocorria desde julho de 2000, mas caiu muito menos neve que em julho e agosto de 2013.

Geadas em 2014
Geadas em 2014
A última onda de frio não superou a de 2012 responsável pelas maiores mínimas absolutas até hoje.

Mas uma certa mídia sensacionalista e muito boato nas redes sociais aproveitaram para espalhar alarmismos.

Nada novo, quando a ONU, IPCC, Vaticano, inúmeras ONGS e governos não cessam de nos atormentar com blefes, compreende-se que qualquer “influencer” à procura de assinantes solte alarmes que lhe rendam seguidores.

Uma matéria do conceituado site Climatempo, no dia 26/07/2021 nos fez rir, ou passar vergonha, segundo a posição assumida a respeito da onda de frio que chegava.

Climatempo pôs os pés na realidade com a matéria “FATO OU FAKE: Saiba o que esperar da onda de frio desta semana”, uma lista dos fatos que são verdade ou mentira a respeito da onda. Ei-a:

1º - Brasil terá a onda de frio mais intensa do século: FAKE!


Foi um dos boatos iniciais preferidos. A onda de frio prevista para a Região Sul, provavelmente seria a mais intensa deste ano, com alta chance de neve nas áreas mais altas das serras gaúcha e catarinense. Em algumas localidades havia chance de novos recordes de frio e em quase toda a região muita alta probabilidade de geada.

O boato, porém, pulou alegremente do ano para o século e ali saiu uma notícia FAKE grosseira.

É a metodologia a que nos tem acostumado os catastrofistas ideológicos “verdes” e que tal vez tenha deformado muitos leitores ou internautas incautos.

2 - Temperatura pode ficar abaixo de -15ºC no Sul do Brasil: FAKE!


Frio extremo bateu recordes em 2012 e foi capa dos jornais. Diário de Santa Maria e Jornal NH. Reprodução
Frio extremo bateu recordes em 2012 e foi capa dos jornais.
Diário de Santa Maria e Jornal NH. Reprodução
Até o dia 29 de julho de 2021, a menor temperatura registrada no Brasil em 2021foi -8,6ºC em Bom Jardim da Serra, Santa Catarina, considerada uma das mais frias do Brasil, com um recorde -9,2 °C em 2012.

Climatempo não excluía algum novo recorde mas o vício do alarmismo espalhava números antárticos e direto em todo o Sul.

3 - Sensação térmica pode chegar a -25ºC na serra da Região Sul: VERDADE!


A sensação térmica relacionada com os ventos e em áreas altas de serra, podia chegar a -25ºC.

Assisti a uma palestra em que o orador a quem respeito foi confundindo com a temperatura real e anunciando que o frio chegaria a -25ºC vendo nisso um sinal sugestivo de um fim do mundo.

4 - Há risco de neve no estado do Rio de Janeiro: FAKE!


No estado do Rio, na região do Pico do Itatiaia a 2450 m de altitude, uma vez registrou-se -9,9ºC e uma nevada passageira.

Segure o riso, o catastrofismo apocalíptico que contamina a informação levava alguns a pensar num Cristo do Corcovado emergindo de neves como das eternas do Himalaia ou dos Andes. Pura imaginação.

Climatempo ressalta que o recorde de frio no Brasil em locais habitados com atividade humana regular, é de -8,2°C no dia 20 de julho, em Urupema, cidade na parte mais elevada da serra de Santa Catarina, conforme medição do Epagri-Ciram.

5 - Onda de frio desta semana será mais duradoura: VERDADE!


A “impressão digital” desta massa de ar frio será a persistência de dias consecutivos com temperaturas mínimas negativas nas áreas mais altas do Sul (entre -6°C e -10°C) e temperaturas máximas abaixo de 10°C, registrou Climatempo.

Na Serra da Mantiqueira, as mínimas ficaram entre 1°C e 14°C.

Picos nevados na Grande Florianópolis na histórica nevada de 2013. Diário Catarinense. Reprodução
Picos nevados na Grande Florianópolis na histórica nevada de 2013.
Diário Catarinense. Reprodução
6 - Temperaturas negativas em Porto Alegre: FAKE!


Na região metropolitana de Porto Alegre não há condições para neve ou temperaturas negativas, no máximo para geada, mas a Fake News corria sem reflexão.

7 - Frio batendo recorde histórico em São Paulo: FAKE!


A menor temperatura já registrada na cidade de São Paulo, desde 1943, foi de -2,0ºC em agosto de 1955, pelo INMET no Mirante de Santana, que é a estação oficial para registro de recordes.

Na semana passada, a média mais intensa de frio foi de 4º,7C no dia 29, assaz longe do recorde de 1955.

8 - Governos canadense e americano emitiram alerta sobre frio no Brasil: FAKE!


O auge da Fake News espalhou que os governos dos EUA e do Canadá emitiram alerta sobre o frio intenso no Brasil.

De fato, os modelos de previsão americano e canadense apontavam o frio, mas sem alerta algum. Menos ainda houve tomada de posição dos governos, ato acostumado nas tragédias.

Até nossa vida quotidiana é assim perturbada pelo alarmismo produtor insistente de falsas informações, sempre num sentido alarmista ou catastrofista.


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