Capital ucraniana na escuridão atingida por mísseis de Putin. Ecologia gostaria ver nossas cidades assim empobrecidas para "salvar o clima" |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Enquanto soldados russos na Ucrânia votam com os pés contra a guerra vergonhosa de Putin, abandonando armas, bagagens, uniformes, e até se entregando prisioneiros para não morrer numa guerra que não desejam, o ditador tenta novas formas de guerra.
Especialmente visa deixar os civis ucranianos sem serviços básicos como energia, água, esgotos, e até hospitais. Manda chuvas de mísseis sobre centrais elétricas, de água potável e até de uma maternidade onde matou um recém-nascido.
Seu objetivo é ver se o rigoroso frio invernal (pode chegar a -30º C na Ucrânia) quebra a resistência do povo ucraniano, paralisa as fábricas, corta os alimentos e diminui os fornecimentos bélicos.
É uma “guerra fria” atroz contra civis desarmados, em sua maioria idosos, mulheres e crianças.
Também neste inverno tenta literalmente congelar a Europa Ocidental cortando o fornecimento de petróleo e gás russo para cortar as ajudas que essa envia para a Ucrânia.
Energias alternativas ainda não mostraram eficácia para substituir combustíveis fósseis |
Putin tem na rede ecologista um poderoso aliado que sabota com muita propaganda as fontes de subsistência dos países ocidentais.
São os companheiros de estrada verdes que convergem com os objetivos da tentativa de ofensiva putinista.
O famoso jornalista de esquerda Thomas Friedman, chegou a implorar “que os EUA e seus aliados ocidentais parem de viver em um mundo de fantasia verde que diz que podemos passar de combustíveis fósseis sujos para energia renovável limpa com o apertar de um botão”.
Friedman que há 27 anos defende a energia limpa e milita na movimentação ecologista pelas mudanças climáticas escreveu isso no “The New York Times”.
Ele reconhece que “apesar de todos os investimentos em energia eólica e solar nos últimos cinco anos, os combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) ainda representam 82% do uso total global de energia primária em 2021 (necessário para aquecimento, transporte e geração de eletricidade), apenas abaixo de 3 pontos percentuais nesses cinco anos”.
Essa iniciativa ambientalista ajuda a Putin que quer jogar muitos milhões de famílias na miséria, na fome e até a morte.
A introdução das tecnologias hoje apresentadas pelo ambientalismo não serve como substituto das fontes conhecidas de energia. Só uma transição inteligente e pragmática poderá dar certo, segundo Friedman.
Pela via atual, Putin e seus amigos ambientalistas preparam uma desgraça planetária que teve prefiguras nos extermínios de milhões de pessoas ordenados por Stalin na própria Ucrânia, ou Holodomor.
Drama da Europa: sobreviver sem o gás e o petróleo russo. Com sofrimento o continente está se livrando da chantagem |
As contas de energia, que aumentaram 400% em alguns países europeus, “estão levando os consumidores à beira da pobreza”, acrescenta o jornal.
Para muitos ucranianos e não poucos europeus, a escolha neste inverno pode ser aquecer ou comer.
Os verdes adoram painéis solares, mas odeiam linhas de transmissão e tecnologias como as atuais, então é só com boa sorte que pode se salvar o planeta.
Mas essa roleta russa é o contrário do uso da inteligência e o preludio do insucesso mortal, acrescentamos nós.