Exigências ambientalistas preparam o dia em que o carro será tido como um inimigo |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A União Europeia (UE) fixou objetivos “ecologicamente corretos” a serem atingidos em 2025 em matéria de gazes de efeito estufa. Em vez de reagir com prudência diante da falta de bom senso das propostas ambientalistas, a UE se apressa em atacar os automóveis privados, apontando-os a dedo como os vilões culpados pelo mirabolante apocalipse climático.
O raciocínio parece copiado de Nicolás Maduro: a culpa é dos particulares que não cumprem as fantasias irrealizáveis do regime e então devem ser punidos.
Os ministros do Ambiente e dos Transportes da Holanda, Irlanda, Suécia e Finlândia pediram à Comissão Europeia novos objetivos mais radicais a serem estabelecidos no próximo ano.
O objetivo para 2021 é que os fabricantes de carros limitem a emissão a uma média de 95 g de CO2/km. Essa meta a priori é inatingível no prazo: em 2014, a média foi de 123,4 g de CO2/km, segundo a agência VoxEurop.
Mas os ministros insistem em mais dirigismo e mais punição dos “veículos particulares”. “Estes objetivos, acrescentam, são essenciais para desenvolver e melhorar os veículos elétricos, a hidrogênio e os híbridos recarregáveis”.
Vários países da União Europeia estão bem conscientes de que mesmo as metas ditas moderadas da UE são irrealistas e não será possível atingir em prazos tão exíguos 40% de redução das emissões de CO2 fixados pelos políticos.
A indústria de automóvel é refém da inviabilidade das metas ambientalistas. A Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA) afirmou que “existe um limite dentro do qual podemos melhorar do ponto de vista tecnológico [para reduzir as emissões] na indústria automóvel”.
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Em tudo serão tratados como indivíduos em estado de minoridade, regidos por uma planificação ambientalista invasiva, minuciosa e estrita.
Se as metas inatingíveis não forem alcançadas, virão impostos pesados sobre o combustível, piores que os atuais, novas portarias ou profundas reformas do planejamento.
Os argumentos dos fabricantes não são considerados pelo fanatismo ambientalista, que exige mais e mais objetivos impossíveis de alcançar em períodos de irreal brevidade.
As opções para o futuro não virão com vareta mágica. Mas, para os ambientalistas, a realidade não interessa muito: trata-se de enforcar a propriedade privada e quebrar o impulso do progresso, apresentado como a súmula dos males.