Manifestação ecologista contra o aeroporto de Orly, Paris |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A deputada francesa pelo partido Europa Ecologia Os Verdes (EELV) Sandrine Rousseau se disse “favorável” à extinção de supermercados e aeroportos na crise energética europeia que, aliás, a imprensa apresenta com tons exagerados.
Ela defendeu essas medidas radicais numa entrevista concedida ao programa “Le face à face” de Apolline de Malherbe no canal de notícias francês BFM TV, e citada no jornal francês “L’Indépendant”.
Demagogicamente respondeu a uma pergunta sobre isso: “Porque não? Em vez de um respirador artificial, sim, acho que é mais importante. Desligamos tudo o que não é absolutamente essencial”.
E desfaçatadamente incluiu os supermercados na lista do que ela e seus colegas anticapitalistas consideram não essenciais: “Poderíamos desligar os supermercados. A questão é: o que é vital? É o acesso à saúde, os hospitais devem ser absolutamente preservados”.
O acesso a respiradores de maneira alguma está em perigo e a opção vital entre respiradores ou aeroportos é um desproporcionado estapafúrdio.
A alternativa saúde versus aeroportos ou supermercados é também uma abstração sem contato com a realidade. Mas se conseguir a supressão terá um efeito muito danoso.
O grupo ecologista 'Juntos pelo clima' pressiona os clientes de um supermercado, em Marcq-en-Baroeul, norte da França |
“Um avião nunca decola sem saber se é capaz de pousar, um comboio não parte sem saber se consegue fazer toda a sua viagem.
“Os aeroportos têm sua própria eletricidade de backup e são capazes de se autoalimentar. Tudo isso é previsível e se acontecerem cortes de energia, a informação estará disponível no dia anterior”.
Os cortes de energia nos aeroportos, disse o mesmo porta-voz, são “uma hipótese”, como aliás em qualquer parte, inexistindo temores peculiares.
Tais pânicos servem para a campanha ecologista que visa diminuir a atividade das sociedades melhor desenvolvidas e rebaixar o nível de vida de seus cidadãos.
É claro que, no contexto atual, golpeia pelas costas os países que Putin tenta deixar sem energia em decorrência de seu infeliz esforço de invasão da Ucrânia, e quiçá num futuro próximo de outros países, recorrendo até à bomba atômica.