Hertz vende seus carros elétricos por desinteresse do consumidor |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A empresa de locação de veículos Hertz, uma das maiores do mundo nesse mercado, vendeu aproximadamente 20 mil carros elétricos da sua frota nos EUA, ou um terço da sua frota global de veículos elétricos (EVs), noticiou a imprensa internacional.
A Hertz reinvestirá os recursos na compra de veículos com motor a combustão. Segundo a empresa, o principal motivo da troca é a baixa procura por modelos elétricos e o alto custo de manutenção em comparação com os veículos convencionais.
As vendas, iniciadas em dezembro de 2023 ocorrerão ao longo de 2024. De acordo com comunicado da Hertz, enquanto não sejam vendidos os veículos elétricos serão ainda elegíveis para aluguel.
A Hertz reconheceu uma perda de US$ 245 milhões com esses modelos. A perda representa a redução dos valores contábeis dos EVs em dezembro de 2023.
“A empresa não espera que esta redução da frota de EV e a correspondente adição de veículos ICE [à combustão] tenham um impacto em dinheiro como resultado desta ação estratégica”, afirmou.
A empresa também prevê impacto negativo nos resultados do quarto trimestre de 2023 pela depreciação associada aos VEs, que caíram de valor.
Em 2021, a Hertz havia anunciado a intenção de comprar 100 mil veículos elétricos da Tesla mas houve desaceleração da demanda em 2023.
Enquanto os líderes mundiais se reuniam em Dubai para discutir o progresso na redução das emissões, um relatório mostrou uma dura verdade para a bandeira ecologista: o aumento das energias renováveis não foi suficiente para substituir os combustíveis fósseis, registrou “O Estado de S.Paulo”.
Consumidores preferem carros a combustão |
Espera-se que as emissões globais de CO2 provenientes de combustíveis fósseis aumentem em 1,1% em 2023, segundo o Global Carbon Project.
“As energias renováveis estão crescendo a níveis recordes, mas os combustíveis fósseis também continuam crescendo a níveis recordes”, disse Glen Peters, pesquisador sênior do Cicero Center for International Climate Research, em Oslo, que coescreveu a nova análise.
O crescimento das emissões é alimentado pela Índia e da China. Os dois países queimam grandes quantidades de carvão, aumentam os voos de sua aviação e o transporte marítimo internacional.
A China é o país que mais contamina do planeta, mas é apresentado pelo ecologismo universal como líder da luta contra o “aquecimento global”.
Em sentido contrário, embora as emissões diminuam nos países de capitalismo privado como os EUA e a União Europeia, são objeto incessante de oposição ambientalista e de leis que afogam a população.
Nos EUA as emissões derivadas do carvão caíram para níveis não vistos desde o início do século, e foram de menos 3% neste ano, enquanto as da UE cairão cerca de 7%.
A utopia de controlar as temperaturas globais e as emissões de CO2 até chegar a zero levaria anos.
A lei para “controlar” a mudança climática do governo Biden com a lei Inflation Reduction Act, engaja US$ 370 bilhões para promover a infraestrutura eólica e solar, além de veículos elétricos.
Mas os americanos preferem os carros movidos com combustíveis tradicionais e não simpatizam com as “energias alternativas”.
Por sua vez, a UE enfrenta a recusa generalizada das populações à sua “Agenda Verde”.
BYD chinesa armazena em portos europeus a quantidade imensa de carros elétricos que não vende |
As tentativas de tributar ou limitar as emissões de CO₂ sempre provocaram reações negativas significativas.
Acresce que muitos especialistas afirmam as ditas “energias limpas” não conquistam os cidadãos que preferem os combustíveis fósseis “Os combustíveis fósseis continuam crescendo alegremente”, lamentou Peters, pesquisador em Oslo.
Nas maiores reuniões internacionais sobre o clima como COP-28 da ONU, os combustíveis fósseis provocaram polêmicas entre os próprios delegados nomeados pelos governos para promover a eliminação ou a redução gradual ainda que gradual dos combustíveis fósseis.
Acresce que é cada vez mais improvável que as leis ambientalistas possam impedir nem mesmo com normas ditatoriais que o mundo não aqueça mais de 1,5 °C para, supostamente, evitar impactos climáticos devastadores.