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Incêndio do 'Morning Midas' custou 3 bilhões de dólares |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O navio “Morning Midas” que escoava 3.000 carros veículos chineses para o México pegou fogo no Oceano Pacífico. Segundo a gestora do navio, Zodiac Maritime, as chamas começaram entre 800 carros elétricos, informou a “Folha de S.Paulo”.
Em 2020, o “Hoegh Xiamen” sofreu perda total; em 2022, afundou o “Felicity Ace” com 4.000 carros de luxo; em 2023 pegou fogo perto da Holanda o “Fremantle Highway” com 3.000 carros; e em 2024 ardeu o “Genius Star XI” levando baterias de lítio para San Diego, acrescentou o bem documentado blog “Mar sem fim”.
Diante desses episódios, a indústria marítima global acendeu o alerta vermelho. Para a seguradora gigante Allianz essas baterias, essenciais nos carros elétricos, trazem novos e graves riscos.
Os veículos elétricos contêm baterias de lítio que podem superaquecer e causar incêndios que se espalham rapidamente, produzem gases tóxicos, tornando-os difíceis e perigosos de extinguir.
Muitos protocolos de segurança contra incêndio a bordo das embarcações não foram projetados com EVs (em outras palavras, baterias de lítio) em mente.
Sistemas de supressão de incêndio como inundações de CO2 podem não ser suficientes para incêndios de bateria de alta temperatura e auto-sustentáveis.
De acordo com a Special Provision 961 do Código Internacional de Mercadorias Perigosas Marítimas os veículos alimentados exclusivamente por baterias de lítio – ou veículos elétricos híbridos com baterias de lítio e motores de combustão – não estão sujeitos às disposições completas do Código, desde que sejam atendidas condições específicas de segurança.
Esta isenção permitiu que muitos veículos elétricos fossem tratados como mercadorias não perigosas no transporte marítimo.
O NYT informou que as baterias de lítio também representam riscos para as viagens aéreas, prossegue o blog citado. Nos últimos meses, a Southwest Airlines e várias companhias aéreas na Ásia reforçaram as restrições durante os voos quanto ao uso e transporte dessas baterias.
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O 'Hoegh Xiamen' queimado pelas carros elétricos deu perda total |
O Washington Post publicou uma declaração de Sean DeCrane, diretor da Associação Internacional de Bombeiros, que explica melhor as dificuldades:
Os incêndios elétricos em navios são notoriamente difíceis de apagar, resistindo aos efeitos dos extintores tradicionais à base de espuma e pequenas quantidades de água. Isso ocorre porque os incêndios de bateria se espalham através do acúmulo excessivo de calor de uma célula de bateria para outra, e desta bateria para a próxima.
Segundo o Lithium Safe, em 1º de julho de 2019 um submarino nuclear secreto russo AC-31, ou Losharik, sofreu um incêndio mortal e uma explosão a bordo enquanto operava debaixo da água no Mar de Barents. 14 oficiais morreram.
O Losharik aparentemente tinha uma bateria de lítio mais moderna, semelhante às que são usadas em automóveis elétricos.
À princípio, causa do incêndio foi um curto-circuito que ocorreu enquanto o submarino estava atracando na sua nave-mãe, Podmoskovye, o que levou a uma dissipação de calor da bateria de lítio, que posteriormente explodiu e pegou fogo.
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O Incêndio do submrino espião russo 'Losharik' foi atribuído as baterias de lítio |
A investigação de segurança publicada em 2019 concluiu que o incêndio foi provavelmente causado pelas baterias de lítio.
E por qual motivo estas baterias são tão vulneráveis?
O risco vem de um fenômeno chamado ‘fuga térmica’, quando a temperatura de uma bateria aumenta incontrolavelmente, levando a incêndios, explosões e à liberação de gases tóxicos’.
O site especializado Cars Coops informou que algumas companhias de navegação, como a norueguesa Havila Kystruten, agora se recusam a transportar veículos elétricos, julgando o fator de risco muito alto, conclui “Mar sem fim”.
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