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domingo, 9 de abril de 2023

Ecologia, Putin e socialismo fizeram passar frio a pobres, idosos e crianças na Espanha

Voluntários da Cruz Vermelha lacram janela contra o frío
Voluntários da Cruz Vermelha lacram janela contra o frío
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O governo socialista espanhol está conseguindo fazer convergir dois fatores de demolição que se dizem opostos: a chantagem energética de Vladimir Putin e a vontade ecologista de demolir a civilização.

E isto atacando o fornecimento de energia para os cidadãos.

Putin corta o gás, ecologistas e socialistas param as usinas nucleares grandes fornecedoras de energia e o governo faz subir as taxas para os cidadãos. E os que mais sofrem são os espanhóis mais pobres e os idosos, como ilustrou longa reportagem do “El Mundo” de Madri.

“Estou com frio, não ligo nada porque não posso pagar” foi frase comum entre os populares num inverno que foi o mais quente dos últimos anos.

Loli, uma vizinha de Vicálvaro, explica: “não posso convidar ninguém. Se vem alguém, a gente sai na rua”.

Um banho rápido com água quente é um luxo. A pobreza energética induzida pela política socialista em nome da ecologia está avançando.

O frio é mais padecido pelos trabalhadores com salários modestos, cujas noites parecem transcorrer dentro de um freezer no inverno madrilenho.

O frio é mais torturante para os aposentados com menores benefícios. Alejandro conta que só liga “o aquecimento, uma hora por dia e o resto a gente aguenta com cobertores”. Outros aposentados só se concedem “algumas horas” de calor em casa.

Luisa é viúva tem uma prestação de cerca de 1.000 euros, só liga o aquecimento quando a filha e os netos vêm visitá-la. Aquece os quartos quando chegam e desliga quando saem.

O gerente da Centrotex, loja de roupas, conta que o que mais se vende são mantas, roupões, pijamas gordos, t-shirts e meias térmicas.

María de Laiglesia, responsável pelo Ambiente na Cruz Vermelha da Comunidade de Madrid, traça o retrato completo. “A pessoa que não pode pagar luz, água, gás, etc... é a mais visível".

Idosos foram dos mais castigados
Idosos foram dos mais castigados
“Mas tem outros que são extremamente apertados, pagam a luz para não ter que cortar”. Quanto menor a renda per capita, as casas estão em pior estado e geralmente mal isoladas do exterior, então se sofre mais.

Neste ano, a Cruz Vermelha da Comunidade de Madrid pagou 416 contas de serviços públicos a 289 pessoas. “Essa economia é a diferença para que uma família possa comer proteína fresca, frango ou peixe, uma vez por semana”, diz Maria.

Barbara e Diana voluntárias na Assembleia Local de Aranjuez reconhecem: “Sim, houve um aumento da inadimplência. Notou-se muito as pessoas que deixaram de pagar a eletricidade porque as contas dispararam de cerca de 60 euros para 300 euros por mês”, detalha o primeiro.

Teresa – nome assumido para proteger sua privacidade – pediu auxílio à Cruz Vermelha porque aluga uma casa velha e a conta de energia de 130 euros por mês, excede as suas possibilidades e mal cobre as suas necessidades.

Voltou o aquecimento com lenha tão criticado pela ecologia que jogou os pobres no frio. “Vou para a cama com cinco cobertores e o edredom e acordo com muita raiva, até tremendo.”

Víctor Rodríguez, do Observatório da Realidade da Cáritas Diocesana de Madrid, traçou a geografia do frio na orgulhosa capital espanhola. “O custo da energia aumentou e as famílias precisam de mais auxílios”, confirma Víctor.

A pobreza energética castiga “com mais intensidade as famílias com crianças, os migrantes e os idosos com pensões muito baixas”.

Protestos contra a pobreza energética se viraram contra a ecologia e o governo socialista
Protestos contra a pobreza energética se viraram contra a ecologia e o governo socialista
“Afeta a saúde das crianças, influencia como dormem ou como se vestem na escola, se tiverem que reduzir as máquinas de lavar, afeta a imagem.”


Carmen – nome fictício – residente em Majadahonda conta que “não uso o aquecimento porque tenho medo de que venham mais contas como uma que quase morri”.

“A gasolina também ficou muito cara, a água um pouco menos, não tenho como pagar por esses serviços.”

A angústia das contas em vermelho prejudica a autoestima. “Não conto, teria vergonha, não posso dar aos meus filhos o carinho que tenho para dar a eles”.

As energias alternativas tão promovidas pelo ecologismo e pelo socialismo, são muito mais caras e não cobrem os cortes das centrais que até agora atendiam a demanda de modo acessível.

E este é apenas um primeiro passo rumo à utopia verde-vermelha, de veras miserabilista.


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