Xi Jinping promete continuar poluindo e é ovacionado como salvador do clima |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) de setembro (2021) Xi Jinping, presidente da China, trombeteou que não participará mais na construção de usinas a carvão no exterior, segundo informou “La Nación”.
Mas fez religioso silencio sobre as usinas a carvão em seu país. Entre 60 e 80% da energia elétrica chinesa provém de usinas desse tipo altamente poluidoras. A China constrói uma delas por semana.
Mais de 70% das usinas a carvão no mundo atualmente estão sendo construídas com fundos chineses, de acordo com o Instituto Internacional de Financiamento Verde, com sede em Pequim, citado pela Bloomberg. Xi não disse o que fará com elas.
Desde pelo menos o Acordo de Paris, o presidente comunista vem sendo ovacionado como líder planetário contra o aquecimento global quando anuncia o que depois descumpre acintosamente: tornar a China um país neutro em carbono até 2060.
Ele esclarece que só começará a fazer algo quando a China atingir o nível de desenvolvimento que lhe seria próprio. Nunca esclarece esse nível, mas não pode ser outro senão o fixado nos planos quinquenais do Partido Comunista e nos ensinamentos dogmáticos de Mao Tsé Tung: a hegemonia marxista mundial em mãos de Pequim.
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Mais uma vez, Xi foi aclamado por ONGs ambientalistas, embora essas reconheçam em voz baixa o ditador não toma medidas práticas na própria casa. Pois a China continua intoxicando o ar do planeta como principal poluidor do mundo.
China: o país que mais envenena a atmosfera
Maior poluidor do planeta não para de poluir
A ONG 350.org exultou com o “enorme” anúncio de Xi que poderia puxar uma “mudança radical”.
Em 2020-2021 a China financiou usinas movidas a carvão nos países que quer laçar com a iniciativa da Nova Rota da Seda, mas nos primeiros seis meses de 2021 não financiou nenhuma, de acordo com o portal da Bloomberg.
Difícil se saber por quê, pois a China teve fortes quedas no fornecimento de energia, com cidades sumidas no blackout e fábricas parando.
O anúncio de Xi não pode levar a idílicas considerações: Pequim quer se projetar como o centro industrial do mundo e nada o segura.
O enviado dos EUA para as mudanças climáticas, John Kerry, insiste no filosófico realejo das metas ambientalistas a serem alcançadas. Mas Xi escuta impávido como tolices que não são para ele.
Pequim argumenta que tem o direito de fazer o que os países ocidentais fizeram no passado: liberar CO₂ para desenvolver sua economia.
Então se sente impune para enormes e crescentes emissões de fumaça que superam as dos outros países.
Hoje a China, a “salvadora do clima”, é o maior emissor mundial de CO₂ e é responsável por mais de um quarto da produção global de gases de efeito estufa do planeta.
Na Assembleia Geral da ONU em setembro, Joe Biden, presidente dos EUA, prometeu “tornar seu país no líder das finanças públicas para o clima”, o que significaria despesas por US $ 11,4 bilhões anuais, segundo a AFP.
“Que paguem esses capitalistas tolos!” parece comemorar Xi e sua camarilha em Pequim.
O secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, se disse “encorajado” por esses anúncios “importantes” da China e dos EUA, que na prática são um triunfo do comunismo chinês a escala mundial.
China estragando o clima planetário: “Não há limite para as emissões chinesas antes de reduzi-las” |
A grande pergunta continua sendo: “a China manterá sua palavra?”. Porque até agora não cumpriu salvo quando abocanhou algum país ou setor estratégico em qualquer parte do mundo.
Em 2020 consumiu 38,4 Gigawatts (GW) de energia gerada queimando carvão. Quer dizer, 300% a mais da produção do resto do mundo, afirmou a ONG americana Global Energy Monitor (GEM).
Segundo a ONG Greenpeace os governos provinciais chineses no primeiro semestre de 2021 aprovavam a construção de “apenas” 24 usinas do tipo condenado.
“Não há limite para as emissões chinesas antes de reduzi-las”, disse com empáfia Yuan Jiahai, da North China University of Eletricity, de Pequim. E deu vontade de rir.
“Ou seja, pode poluir tudo ou o que quiser antes do prazo-limite”, completou cinicamente.
Na contramão do que diz e do que faz, enquanto os dirigentes mundiais dizem que querem limitar o aquecimento global cortando a queima de combustíveis fósseis e de carvão, a China anunciou que vai aumentar sensivelmente sua produção carbonífera, a fonte de energia mais poluidora do mundo, informou “Le Point”.
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