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domingo, 10 de abril de 2022

Delírio comunista devastou a ecologia e matou milhões de chineses

O combate às 'quatro pestes' ficou como ato hilariante e totalitário que contribuiu à morte de fome de milhões de chineses
O combate às 'quatro pestes' ficou como ato hilariante e totalitário
que contribuiu à morte de fome de milhões de chineses
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Na China, crescem as polémicas sobre as políticas do fundador do comunismo fundado por Mao Tsé tung. A mais absurda é em torno da “guerra contra os pardais” entre 1958 e 1960).

Nessa “guerra”, Mao mandou as crianças matar os pardais porque, dizia, comiam as sementes e impediam a reforma agrária atingir suas irreais metas.

E foi só um capítulo da “campanha contra as quatro pragas”: pardais, moscas, mosquitos e camundongos.

Mao convocou os 600 milhões de chineses da época de todas as idades e exaltou as “virtudes revolucionárias” das crianças que deviam levar à escola “rabos de rato”, segundo testemunhas.

O Comitê Central presidido por Mao elaborou o documento “Decisão de continuar a campanha de combate às quatro pragas” em 29 de agosto de 1958.

Nele foi ordenado como “passo importante para fortalecer a saúde das massas, proteger a força de trabalho e aumentar a eficiência das forças produtivas (...). essa campanha continuar até que todos os ratos, pardais, moscas e mosquitos sejam eliminados do país”.

Em 1957, Mao garantiu como um triunfo que o comunismo ultrapassaria a produção industrial da Grã-Bretanha em quinze anos.

E para cumprir esse objetivo em 1958 dispôs o plano econômico e social 'Grande Salto Adiante', que preconizava 'andar sobre duas pernas', quer dizer, a produção agrícola e a industrial”, explicou ao “La Nación”, o Dr. Jorge Malena, diretor da Especialização em Estudos da China na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica Argentina.

A 'campanha contra as quatro pestes' foi um dos maiores objetivos delirantes da História
A 'campanha contra as quatro pestes' foi um dos maiores objetivos delirantes da História
Mas a reforma agrária estava dizimando a população pela fome: epidemias de cólera, poliomielite, varíola e peste.

Os ditadores marxistas propuseram então combater os mosquitos responsáveis pela malária, os ratos que espalham a peste e as moscas que multiplicavam as doenças, entre elas a cólera e a febre tifoide.

Mao criticou os pardais que comiam sementes nos campos e mandou eliminá-los para garantir alimentos vitais para a economia nacional.

Segundo um provérbio chinês “quando um homem conta uma grande mentira, dezenas a repetem como uma grande verdade”. E a “grande mentira” de Mao foi repetida até a demência.

E aconteceu: “o grande arquiteto da nova China” ordenou o absurdo. Os cientistas elogiaram logo a “perspicácia” do líder e não ousaram contradizê-la temendo ser rotulados de “oportunistas de direita” ou “mulheres com pés pequenos”, ou aristocratas.

Em 1956, Zheng Zuoxin, o ornitólogo mais famoso do país do Instituto de Zoologia da Academia de Ciências, publicou um longo artigo no Diário do Povo glorificando a campanha de extermínio com o título “O dano dos pardais e como eliminá-lo”.

O extermínio dos pardais para acelerar a reforma agrária foi um desastre ecológico
O extermínio dos pardais para acelerar a reforma agrária foi um desastre ecológico
A Campanha contra as Quatro Pragas exigiu o apoio massivo da população.

O Dr. Malena também disse que “o governo encorajou a população a fazer barulho com panelas, frigideiras e tambores para assustar os pardais, faze-los voar sem parar até caírem mortos de exaustão. Seus ninhos foram destruídos, os ovos quebrados e os filhotes mortos”.

O governo informou ter eliminado 1 bilhão de pardais, 1,5 bilhão de ratos, mais de 110 milhões de quilos de moscas e mais de 12 milhões de quilos de mosquitos.

Mas aos poucos os cientistas constatam que os pardais comiam outros insetos, vermes e pragas que, esses por sua vez, estavam devorando as plantações.

Na Academia de Ciências, o Dr. Zhu Xi, primeiro diretor do Instituto de Biologia Experimental, afirmou que os pardais eram úteis no combate às pragas e ervas daninhas.

Seu comentário, porém, contradize o “pai do comunismo” e lhe custou a vida, sendo executado pelos guardas vermelhos.

Sem seu predador natural, na primavera de 1959, as pragas se espalharam por todo o país e gafanhotos, vermes e outros insetos provocaram perdas enormes nas colheitas.

A população morria de fome em meio às campanhas ideológicas
A população morria de fome em meio às campanhas ideológicas
A guerra contra os pardais contribuiu muito para a “A Grande Fome Chinesa”, um dos maiores morticínios na história da Humanidade, estimado entre 15 e 55 milhões de pessoas.

Mao encerrou a batalha em 1960 e o extermínio dos pardais foi substituído pelo dos percevejos.

O governo comunista teve que importar cerca de 250.000 pardais da União Soviética na tentativa de restaurar o equilíbrio ecológico. Mas, ainda hoje, na China há menos do que deveria haver.

O sucessor de Mao, Deng Xiaoping (1978-1989), considerou que “Mao estava três quartos certo e um quarto errado. Mas sua contribuição foi primordial e seus erros secundários”.

Mao, que certamente se achava mais sábio que Xi Jinping, defendia “usar as ciências naturais para compreender, superar e mudar a natureza”.

Mas um outro antigo provérbio chinês foi evocado: “Um pássaro não canta porque tem a resposta para alguma coisa, ele canta porque tem um canto”.

O desastre foi um dos muitos estragos a aves, vegetais e jazidas de minérios provocados pelo pai do comunismo chinês.

Ele, entretanto, continua sendo louvado pela seita vede ecologista como fautor de um regime ideal para defender a natureza.


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