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domingo, 5 de maio de 2024

Produtores agrícolas derrotam escravizador “Pacto Ecológico Europeu”

Em Berlim, produtores recusam a utopia que os arruina
Em Berlim, produtores recusam a utopia que os arruína
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Uma extraordinária mobilização dos produtores agrícolas europeus obteve grande vitória contra o poder de lobby político ambientalista europeu, reconheceu a grande mídia internacional, até a contragosto. 

Os produtores forçaram o órgão executivo da UE – Comissão Europeia – a recuar em todos os pontos da “Agenda Verde” que os quebraria com o pretexto de combater o “aquecimento climático”.

Entretanto, eles são uma minoria que representa apenas 4% da força de trabalho do continente, cuja população atinge 580 milhões de pessoas. Mas sua determinação, consagrada já na lavoura, afastou os perigos aprontados pelo socialismo ambientalista.

A presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, anunciou de público que retrocederia em 2 medidas fundamentais reprovadas pelos trabalhadores rurais:

1ª) descartou a disposição crucial denominada “Acordo Verde Europeu” ou “Pacto Ecológico Europeu”, que planejava reduzir o uso de pesticidas pela metade até 2040, medida que os produtores rurais consideravam sinônimo de “desaparecimento” na ultra controlada agricultura europeia;

Protestos no coração de Paris
Protestos no coração de Paris
2ª) afastou a meta de reduzir pela metade as emissões de dióxido de carbono (CO2), outra desastrosa utopia verde, agendada para ser executada num prazo de 15 anos.

A indignação levou os produtores agrícolas europeus a uma ofensiva de protestos legais. A dupla formada pela Comissão Europeia de Bruxelas e o Parlamento de Estrasburgo, sofreu uma derrota política mais uma vez.

O dirigismo desses organismos europeus foi vergado pelo setor agrícola que estabeleceu uma hegemonia virtual, enquanto o ecologismo-socialismo não recomece a atacar.

Úrsula von der Leyen também concordou em acabar com o caráter excepcional das importações agrícolas da Ucrânia, que duplicaram no ano passado, quando passaram de 7 bilhões de euros em 2022 para 13 bilhões em 2023, prejudicando aos agricultores europeus que a UE deveria defender prioritariamente.

É de bom senso que a solidariedade europeia com a Ucrânia não pode violar a prioridade dos produtores agroalimentares locais.

Resultou ser assim que a união do campo europeu ficou mais poderoso do que as cumplicidades dos políticos europeus com o ditador russo Vladimir Putin.

Von der Leyen reconheceu explicitamente o poder invicto dos agricultores europeus quando salientou que “a preocupação com o futuro da agricultura e com o seu próprio destino como produtores” deve agora ter precedência.

A realidade era pior ainda: a Comissão Europeia privilegiava os blefes ambientalistas ameaçando a segurança alimentar do continente.

Protesto em Paris contra as normas ecológicas punitivas
Protesto em Paris contra as normas ecológicas punitivas
O problema subjacente da agricultura europeia é o espírito socialista e confiscatório da utopia da unificação das nações que fez da agropecuária uma atividade hiper-regulada e extraordinariamente subsidiada.

O estrangulador regime de subsídios e afogamentos da liberdade produtiva da EU impõe um fardo esmagador de regulamentos administrativos e burocráticos aos produtores do continente.

A Comissão Europeia voltou-se também contra o atividade industrial urbana, sempre com os pretextos de combater o “aquecimento global” e outros blefes verdes.

Dessa maneira, a vitória dos produtores agropecuários soou como advertência de que na Europa se caminha para uma ruptura completa entre as elites políticas e a cidadania urbana e industrial.

Respira-se no continente o mau cheiro da profunda falta de legitimidade social e política do aparelho governamental paneuropeu.

Essa desconexão estrutural entre a cúpula e a imensa maioria dos cidadãos vem assombrando a unificação europeia desde as origens do processo de unificação, ou de abolição das nações.

Esse foi iniciado na década de 1960, num enganoso e dominante otimismo, mas depois o dirigismo da nova realidade, semente de República Universal, deixou lugar ao desencanto em todos os estratos sociais.

Esse mal-estar alimentou o renascimento de uma ambígua extrema-direita, em todo o lado e ao mesmo tempo.

Desde a “Alternativa para a Alemanha” na República Federal alemã, à “Frente Nacional” de Marine Le Pen na França, e ao Vox de Santiago Abascal na Espanha.

A cúpula política de Bruxelas se diz preocupada com as “alterações climáticas” e não foi capaz de perceber como ofendia ao movimento agroalimentar, que com as suas greves de reboques e tratores e bloqueios de estradas, se sente, com razão, vencedor de uma imensa luta desigual.

Protesto na Holanda daqueles que sim conhecem a natureza
Protesto na Holanda daqueles que sim conhecem a natureza
Ficou evidenciado ao descontentamento agropecuário, e aos cidadãos engajados nas atividades urbanos e industriais qual é a forma mais eficaz de protestar contra a imposição da utopia ecológica e socializante..

Assim, foram eliminadas diretamente as cláusulas da “lei verde” que estabelecia um corte de 30% nas emissões de gases estufa e metano em 2040, e desapareceu completamente o objetivo máximo de redução de 90% nas emissões de dióxido de carbono (CO2), que devia ser imposto no mesmo período.

Durante mais de 20 anos, a população europeia abandonou os governos social-democratas e de esquerda e virou, com nuances, para o centro-direita tradicional. Esse agora controla o Parlamento Europeu e canaliza as exigências agrícolas.

O curioso, porém, é que a União Europeia ainda insiste em dar lições de comportamento ambiental a outras regiões do planeta, como é o caso do Mercosul no acordo fracassado entre a região e Bruxelas.


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