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Francisco Aragão, pesquisador da Embrapa |
Ele é o especialista responsável pela liberação do feijão transgênico, aprovado pelo CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) no dia 15 de setembro.
Isso possibilitará que em 2014 o país tenha o primeiro plantio livre de um vírus que provoca a perda de 90 mil a 280 mil toneladas de feijão por ano − o país produz 3,5 milhões de toneladas.
Em Joiville foi entrevistado pelo enviado da “Folha de S.Paulo”. A entrevista teve boa acolhida pois apresentou o ponto de equilibrio sobre os OGM (organismos geneticamente modificados), obsesivamente denegridos por uma propaganda ambientalista demagógica.
Francisco José Lima Aragão é pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde é responsável pelo Laboratório de Expressão de Genes e ganhou a Ordem Nacional do Mérito Científico.
Reproduzimos a continuação alguns pontos relevantes das declarações do especialista.
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Campo plantado com feijão transgênico |
Francisco Aragão − No início da discussão, nos anos 1990, dizia-se que a transgenia causaria câncer, impotência e outras doenças. Cadê o câncer? Cadê a impotência?
Depois dizia-se que transgenia só servia para commodities. Mas o feijão não é nada disso.
Existe um grupo que é contra transgenia pura e simplesmente, outro que está mal informado e um último grupo que é mal-intencionado. Mas a maioria é mal informada mesmo.
Folha − Dez anos de estudos são suficientes para demonstrar a segurança de uma tecnologia como essa?
Francisco Aragão − Sim.
Os membros da CTNBio têm de assinar um acordo de sigilo sobre as informações a que têm acesso porque isso poderá gerar uma patente.
Folha − A proteção dessas informações tem gerado críticas.
Francisco Aragão − Nós recebemos críticas porque a Embrapa é uma empresa pública. Mas nós estamos protegendo um patrimônio público previsto pela Lei de Inovação. Se a gente não protegesse, provavelmente o Tribunal de Contas da União iria nos acusar de estar entregando o patrimônio público. Um conhecimento como esse pode ser aplicado a outras plantas, como a soja. Sem contar que outro país pode pegar o conhecimento e patentear se as informações não estiverem protegidas. Mas ainda não temos uma patente.
Folha − A Embrapa abrirá mão dos royalties desse feijão?
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Francisco Aragão recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico |
Folha − Os pequenos produtores não devem ter o direito de não usar transgênicos?
Francisco Aragão − Mas e os produtores que quiserem usar transgênico também não têm o direito de escolha?
Temos um produtor que produz 400 kg por hectare, enquanto outro produz 2.000 kg na mesma área. A gente tende a achar bonito produzir pouco usando baixa tecnologia. Isso cai em outras discussões, como a do novo Código Florestal.
Queremos que as áreas já desmatadas produzam mais. Isso vai reduzir a demanda por mais áreas.
Folha − Mas nós precisamos de mais área para o feijão?
Francisco Aragão − Nós precisamos aumentar a produção. O Brasil hoje está importando entre 100 mil e 200 mil toneladas de feijão por ano. É pouco, já que produzimos 3,5 milhões de toneladas, mas o fato é que importamos da Argentina, da Bolívia, do Paraguai e, mais recentemente, da China.
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