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Ventos com elementos fertilizadores vindos do Saara |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A vida nos oceanos depende de uma fonte inesperada: a poeira do deserto do Saara que, carregada pelos ventos por longas distâncias, alimenta a vida marinha, escreveu “Veja”.
Cientistas descobriram que quanto mais essa poeira viaja, mais ela libera ferro, um nutriente essencial que impulsiona o crescimento de organismos microscópicos no oceano, como o fitoplâncton.
O ferro é indispensável para a sobrevivência de diversos organismos, e é fundamental para a respiração e a fotossíntese. No oceano ele é escasso, o que limita o crescimento de organismos essenciais, como o fitoplâncton.
A maior parte do ferro que chega ao oceano vem de rios, geleiras e, eis a surpresa para os homens modernos, especialmente do vento que carrega poeira de lugares como o Saara.
Nem todo o ferro contido nessa poeira está imediatamente disponível para os organismos marinhos.
Mas estudo liderado por cientistas dos EUA mostrou que à medida que a poeira viaja pela atmosfera, processos químicos tornam o ferro mais “biorreativo”, ou seja, mais facilmente assimilável pelos seres vivos.
As amostras foram extraídas em diferentes distâncias do corredor de poeira que vai do Saara até o Atlântico, abrangendo locais que variam de 200 km da costa da África até a costa leste dos EUA.
Em outro post reproduzimos a importância da poeira do deserto como fertilizante para a Amazônia: Amazônia: estonteante dependência do Saara.
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Cientistas acompanham no dia a dia os efeitos dos ventos do Saara |
Quanto mais longe da fonte de poeira, maior a quantidade de ferro que se torna disponível para a vida. Os processos atmosféricos transformam o ferro em formas mais solúveis e, portanto, mais úteis para os organismos.
Assim, o ferro que chega, por exemplo, à Bacia Amazônica ou às águas das Bahamas, tem uma alta chance de ser absorvido antes de se depositar no fundo do oceano.
A pesquisa publicada na Frontiers in Marine Science, sugere que a poeira do Saara desempenha um papel crítico na fertilização dos oceanos e dos ecossistemas terrestres.
“O ferro transportado parece estimular processos biológicos, assim como a fertilização artificial pode impactar a vida nos oceanos e continentes”, explicou o professor Timothy Lyons, da Universidade da Califórnia, coautor do estudo.
Isso significa que as tempestades de poeira no Saara têm um impacto significativo na saúde do nosso planeta.
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NASA vem estudando o efeito fertilizante dos ventos do Saara no Atlântico e na Amazônia |
A pesquisa revela que o nosso planeta é interligado patenteando como a poeira que atravessa oceanos e continentes desde o distante deserto do Saara sustenta a vida em locais distantes.
Essa transferência de nutrientes destaca a importância de fenômenos naturais em escalas globais, e como eles influenciam diretamente o meio ambiente e, por fim, o clima da Terra, de modo mais relevante que seu aspecto de fenômeno meteorológico.
A poeira do deserto é um elo essencial que mantém o equilíbrio da vida no planeta.