Para atualizações gratis via email: DIGITE SEU EMAIL:

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Até a CUT denuncia danos das eólicas

Eolicas arruinaram 90% da produção familiar em Rio Grande do Norte
Eólicas arruinaram 90% da produção familiar em Rio Grande do Norte
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Até a militante Central Única dos Trabalhadores (CUT) não teve outra opção que fosse denunciar os danos causados aos mais modestos trabalhadores por iniciativas do PT supostamente para benefício de pobres que hoje são vítimas desastradas. 

As eólicas destruíram, por exemplo, 90% da produção de alimentos de agricultores familiares no RN.

Numa série de reportagens sobre os impactos danosos dos parques eólicos junto à população vizinha, ao meio ambiente e à economia, o Portal CUT ouviu três agricultores familiares do Rio Grande do Norte, que tiveram suas vidas atingidas negativamente por esses equipamentos futuristas.

Todos foram categóricos em dizer que os parques eólicos só trouxeram prejuízos às suas economias, praticamente dizimando suas plantações e comprometeram a saúde deles e dos animais.

Os relatos desanimadores, escreve a CUT, mostram a tragédia que é a instalação das chamadas energias renováveis sem regulamentação nem explicações corretas às famílias enganadas com promessas de ganhos e desenvolvimento.

Na verdade, o rastro é de destruição de casas, do meio ambiente e da agricultura familiar.

Ernandes da Silva Ferreira, 38 anos, agricultor de Bodó (RN), cidade de 4.200 habitantes, produtor de caju, castanha, mandioca e pinha teve 90% da sua produção arrasada e sua criação de porcos, bois e galinhas deixou de dar crias, a partir da instalação dos parques eólicos.

O agricultor Alexandre da Silva (34), sofre problemas para dormir, de saúde e psicológicos
O agricultor Alexandre da Silva (34), sofre problemas para dormir, de saúde e psicológicos
Os animais precisam de sossego para terem uma boa gestação, mas com o barulho ensurdecedor das eólicas, a trepidação do solo provocada por elas e o tráfego de caminhões pesados em alta velocidade nas estradas de terras, isso se torna impossível.

O resultado são crias que não sobrevivem; outras nascem já mortas.

“As abelhas sumiram e com isso a produção de caju, que precisa da polinização, caiu.

“A mandioca que era mais resistente também é prejudicada. Ela recebe muita poeira de pó de brita e piçarra; a noite o orvalho cai em cima dessa poeira queimando as flores e folhas, e pela manhã o sol acaba de queimar.

“As vacas deixei de criar por causa do stress porque elas precisam de ambiente relaxante pra produzir leite.

“Tenho um amigo que te 10 vacas e nenhuma produz mais leite porque ficam inquietas com o barulho das eólicas.

“As crias de porco e galinha também não resistem até o final da gestação”, narrou o pobre agricultor.

“A produção de alimentos dos sítios próximos aos acessos das torres eólicas caiu em torno de 80%. Eu perdi de 80% a 90% da minha renda e para complementar tive de arrumar um emprego de vigia numa escola porque não dá mais para viver da agricultura”, acrescentou Ernandes da Silva Ferreira

Ver a plantação destruída, tomada pela poeira, e os animais estressados sem produzir também aconteceu com a agricultora familiar Rita de Cássia Miranda dos Santos, viúva, de 53 anos, remanescente quilombola, descendente de pequenos agricultores e, que nasceu e vive no sítio Cabeça dos Ferreira, também em Bodó.

“Eu produzia, em 2,4 hectares de terra, feijão, milho, fava, pinha e caju e crio galinhas, mas a produção de ovos praticamente zerou e o que era vendido mal dá hoje para o meu próprio consumo, desde que o parque eólico começou a ser implantado ao lado da minha casa, que está rachada e a cisterna desabou”, diz Rita de Cássia.

Segundo ela, todas as casas dos sítios vizinhos estão rachadas e algumas cisternas foram destruídas devido à trepidação do solo.

Alzira Maria da Conceição (81), desde a chegada das eólicas tem problemas de saúde emostra um saco com remédios receitados
Alzira Maria da Conceição (81), desde a chegada das eólicas tem problemas de saúde
e mostra um saco com remédios receitados
Além disso, as torres derramam um óleo prejudicial à saúde e, por falta de manutenção algumas podem cair a qualquer momento, e os acidentes começam a preocupar quem mora nas imediações.

A mesma situação vive a agricultora Francisca da Silva Barbosa, de 51 anos.

Solteira e com um filho, ela é assentada, junto com outras 23 famílias, em São Bento do Norte, também no Rio Grande do Norte, produzindo feijão e milho e criando ovelhas e galinhas.

Por ser assentada e não ter 100% de direito à terra, as empresas abriram estradas dentro da sua propriedade, inclusive, com a autorização do Ibama.

“Eu não arrendei o meu lote para as eólicas, mas sou vítima de uma torre vizinha.

“Sou eu quem sofre os malefícios. Este ano não deu nada de safra, mal deu um punhado de feijão e milho para gente comer”, conta Francisca.

Seus animais também sofrem, as galinhas e codornas deixaram de botar ovos e as ovelhas que antes davam duas crias, hoje no máximo chega a uma, e nem todas sobrevivem.

“O veterinário me disse que com muito barulho e constante elas não conseguem reproduzir”, diz.

Ernandes, segundo tesoureiro da Associação de Produtores Rurais de Porto de Linha e Pau d’olho, da região de Serra Santana, tem três torres de aerogeradores instalados muitos próximos à sua casa.

Ele conta que os problemas começaram já durante o processo de terraplanagem, em 2015, por causa do tráfego pesado e a velocidade dos caminhões que circulavam nas estradas vicinais dos próprios agricultores.

O trânsito pesado durou até 2017, que além de impactarem nas casas e cisternas destruiu as cercas dos agricultores.

No final do mês de agosto um acidente assustou a todos. Uma hélice se soltou, bateu, voou e caiu sobre uma linha de transmissão de 3 mil volts, a mais de 110 metros da base.

“Ao todo são 15 aerogeradores ao longo das terras dos agricultores e a gente já avisava há dois anos que havia um problema porque aumentou o barulho daquela hélice. A sorte é que não estava passando ninguém e era horário escolar. Ali embaixo das torres é caminho para sairmos do sítio e muita gente usa ainda carro de boi para trazer água”, conta Ernandes.

Segundo ele, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) do Rio Grande do Norte, identificou outro aerogerador a 80 metros de uma casa que está com problemas e a família foi obrigada a deixar a propriedade.

Rita de Cássia também sente medo e se preocupa com a falta de manutenção das torres.

“Aqui perto uma torre foi quebrada, uma hélice foi jogada no chão, pegou fogo, e ela está toda empenada, envergada, tombada no meio.

“O corpo dela não quebrou, mas está sujeito a cair a qualquer momento e, isso para nós é muito ruim, né?

“Porque a gente fica com medo, eu mesmo tenho medo do que poderá acontecer com essas outras que ficam perto das nossas casas”, diz Rita.


Afetados por parques eólicos relatam impactos na saúde e no meio ambiente
Afetados por parques eólicos relatam impactos na saúde e no meio ambiente
Quem arrendou suas terras foram os que têm em torno de 30 hectares e os de terreno menor e não arrendou não recebe nada de indenização, ficando apenas com os prejuízos”, diz Ernandes.

“As torres ficam em propriedades maiores e eles não sofrem as consequências porque não moram nessas terras”, conta.

A agricultora assentada, diz que as empresas prometeram indenizar as famílias que tiveram suas casas rachadas porque o assentamento não estava preparado para receber estruturas tão grandes, mas nada foi feito desde a pandemia.

“Estou toda ilhada, as torres só não estão no meu lote porque o Incra não liberou, mas queriam acordo e que o dinheiro fosse depositado no Incra e quando a gente precisasse para comprar uma ferramenta, a gente pegava lá”.

Ainda bem que não aceitaram porque a gente ia viver de quê?, questiona Francisca.

A agricultora entrou na Justiça, mas ela que tem de pagar o perito para mediar a velocidade das hélices e a distância do aerogerador da sua casa.

“Eu não tenho condições de pagar os R$ 2 mil do serviço. Vou tirar de onde? Não ganho salário, o pouco que tenho é da minha produção, do meu trabalho”, diz.


Edna Pereira mostra as caixas dos remédios que usa continuamente
Edna Pereira mostra as caixas dos remédios que usa continuamente
Eles querem dar dinheiro, mas ali tá toda a sua vida, é de pai pra filho, pra netos. É toda uma tradição que deve ser respeitada, mas está sendo atropelada.

A gente trabalhou para construir pros filhos e acham que com dinheiro e indenização pagam tudo? A gente se revolta porque o que vamos deixar pros nossos filhos?, indaga a sofrida Francisca da Silva Barbosa.

A danificada pensa em construir uma propriedade para legar para sua família e filhos, dentro de uma continuidade que é a tradição.

Até a esquerdista CUT reconhece que esses valores merecem ser respeitados e informa espantada dos males ambientalistas que superam até o futuro socialista em que essa associação quer afundar o Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.